Pesquisar este blog

18.2.10

15 de fevereiro de 2010

Meu Caríssimo Amigo,

Só por hoje falo o silêncio. Você está bom? Tudo vai bem? Por aqui segue o oco. Ao que parece, hoje só lembranças. Vários momentos, edição não-linear, sem pontos de interseção. Lambidas. Muitas estórias e histórias nesses poucos metros quadrados. Muito papel em branco. muito papel passado. Muito passado. Muito. Sinto muito (mentira, sinto não).

Caríssimo Amigo, lembra quando fomos? Já faz tanto tempo... muito tempo. Muito. Te digo, Caríssimo Amigo, que a caneta desliza pelo papel e é tão bom que já não importa o que sai dali. Todas as palavras já foram ditas, escritas, lidas e relidas. E refletidas. E questionadas. E revisitadas. E reinventadas. Então a caneta no papel é para cumprir a função da caneta de canetar. Do papel de arrebanhar cada rabisco. O que é do papel que não escrito? Mas então, como eu ia dizendo... não-linear. Corte-seco. Telegráficos sejamos. Tempos de MSN. Literatura em 140 caracteres: kra uq vc vai faZr? UAHUAHUAH! :) ;) :D

Caro Caríssimo Amigo, hoje te peguei na estante e lembrei de Manoel dizendo "eu não queria dizer nada". Bendito seja o Manuelês. Devemos todos Monumentar o Barros. Monumentemos o Barros!

Caro Caríssimo Amantíssimo Amigo: não pulo carnaval, não sou carne de sol e pouco me importa a inexistência dos vinte e dois desocupados que gastam noventa minutos correndo atrás de uma bola. Eles estão com a vida ganha com seus salários milionários, suas aflicetas oxigenadas e seus rebentos extraconjugais com pensões estratosféricas. Eu, extasiada com tanta repetição: o futebol é uma caixinha de surpresas, agente damos tudo pelo time e pelo popozão da mulher fruta consumidora padrão de Blondor. Agente vestimos a camisa, mas agente não vestimos camisinha. Agente vestimos aparelho nos dentes. Agente somos foda! Somos penta! É-CAM-PE-ÃO!

Caríssimo amigo, não devolvi o seu CD e nem vou devolver. E nem lamento. Bota na conta. Na conta do tempo, na conta da intimidade, na conta, na conta. Bota na conta.

Tenho pensado muito no silêncio. Tenho vivido o silêncio. Vestido, sorvido, engolido, deglutido o silêncio, silenciosamente. Acho que lá da esquina dá pra ouvir esse silêncio todo reverberando em graves e agudos, em graves e agudos, em graves e agudos - ritornello.

||: Acho que lá da esquina dá pra ouvir esse silêncio todo reverberando em graves e agudos, em graves e agudos, em graves e agudos - ! :||

Essa noite o silêncio mordeu minha virilha, passou a mão na minha bunda e mordeu a minha nuca. O silêncio me comeu. E eu gostei. O silêncio é foda.

Meu amado amantíssimo Caro Amigo, saudades de você, do BG, dos porres homéricos (diz um amigo que certas palavras só existem em função de uma outra específica. Por exemplo: porre homérico. Não existe sono ou fome homérica. Homérico só o porre. Pra mim, a fome é de cão). Mas o BG e os porres homéricos não me cabem mais. Cabem você, as estórias, as histórias, as lembranças e as lambidas.

Carerérrimo Amigo, sinto sua falta e dos dias de dezoito anos atrás.

Beijo na bunda,

Amém

Nenhum comentário:

Postar um comentário